Galgo Fedoralgo
O ladrão dos sapatos do pé esquerdo
Numa daquelas cidades japonesas com nome de modelo da Mitsubishi, um homem, também ele japonês,
foi apanhado com a casa cheia de sapatos. De mulher. E todos do pé esquerdo.
A polícia detectou o indivíduo após repetidas queixas da vizinhança sobre odores a chulé vindos do seu apartamento, mas sempre que as autoridades lhe batiam à porta o homem apresentava-se vestido com meio kimono, dizendo que agora não tinha tempo para conversar e que já estava atrasado para o emprego. Como a polícia japonesa é muito honorável, os agentes faziam uma vénia e iam-se embora. Isto repetiu-se várias vezes, até que, por fim, um agente conseguiu interceptar o homem na rua (vestia um fato complicado composto por uma perna de calças de fazenda e meia saia plissada, camisa dividida ao meio, azul e cor de rosa, e na cabeça usava um único totó) na posse de dois sapatos do pé esquerdo. Confrontado com o insólito da situação, metade do homem quebrou, desatando a chorar do olho esquerdo enquanto o direito olhava em volta com um ar assustado e o braço direito agredia a bochecha esquerda, resmungando
"pára com isso, porra, pára com isso!" (em japonês, obviamente) pelo canto direito da boca.
Os agentes, com uma vénia, levaram-no para a esquadra.
MBB e
RCP
Num comentário ao blog
deste vermelhusco,
este gajo que se acha luminoso diz que nós temos muita
lata.
Muita
lata, nós!
É preciso ter
lata!
RTP
Telespectadores confortáveis na Luz
"
O estádio tem condições melhoradas de conforto para os telespectadores", disse hoje o repórter da RTP, frente ao novo estádio da Luz. O Galgo está em condições de garantir que não se tratou de nenhuma gaffe. Efectivamente, o novo estádio estará equipado com aquilo a que os responsáveis do Benfica chamam "Unidades Individuais de Visualização", compostas por sofás de couro preto (daquele que
ronrona) com um telecomando embutido em cada um dos dois braços, frente aos quais se ergue, imponente, um écran plano,
widescreen, ligado a um sistema de colunas de alta fidelidade
stereo surround.
MBB
"Nunca, como agora, tive tanto orgulho em ser tua filha.", diz a
filha de seu pai.
Mas então o Eduardo não te ensinou nada? Devias-te era estar cagando para qualquer coisa, Ritinha!...
RTP
Porque é que eu não quero esse ferrari vermelho?
Os
Gatos, aqui há dias, mandaram uma posta a explicar porque razão ninguém no seu perfeito juízo quer entrar naqueles concursos que dão o prémio em barras de ouro. Não podia estar mais de acordo, apesar da rivalidade que nos une (nós somos rivais deles; eles nem sabem que nós existimos). Mas pergunto a mim próprio por que razão não falaram eles do ferrari vermelho do anúncio de um conhecido ISP. É que também não há quem queira aquilo!
Pá, é que um tipo vai na rua, passa um ferrari vermelho, e o que é que um tipo pensa? Claro: "Olha! Lá vai um azeiteiro!"
É que é preciso ser azeiteiro para andar de ferrari neste país, meus amigos. Ou só andas nas autoestradas, e não podes dar-lhe gás à vontade, que nas nossas autoestradas volta e meia aparece um patego em sentido contrário, ou o som que se ouve lá dentro é qualquer coisa como "ronronronronBONCronronronronCRRACronronron", que é o motor a ronronar em subaproveitamente de potência, intercalado pelos ruídos do chassis a bater na estrada sempre que uma das rodas se afunda num buraco, e pelos ruídos que faz a suspensão ao entregar a alma ao criador quando o ferrari sobe uma lomba a 110 à hora.
Mas podes decidir correr o risco de só andar com o ferrari pelas autoestradas. OK, aí ainda vá que não vá. Um ferrari sempre tem as suas vantagens, especialmente para o transporte rápido de droga e outros valores entre o intermediário anterior e o intermediário posterior. Mas também aí há um problema sério: como eu tenho um mau aspecto do caraças, iria passar a vida a ser parado pela bófia, que antes de me perguntar pelo nome e pela carta de condução me lançaria perguntas mimosas como "onde é que gamaste esta merda, meu azeiteiro?" E isso, com a mala cheia de coca, era chato. Um gajo, queira ou não, atrapalha-se.
Por isso, cara NetCubo, vou ter de declinar a vossa simpática oferta. Dêem lá o ferrari ao Guilherme Silva, que esse, pelo menos, tem imunidade parlamentar.
MBB
Breve comentário sobre blogs
O lento nascimento - segunda reportagem
Estes gajos ainda não terem dado connosco é assim como quando um tipo se deslarga e só dá por isso horas mais tarde, quando tira as cuecas para vestir o pijama. Se calhar quando derem connosco, alçam a sobrancelha, ficam rosadinhos e murmuram com cuidado para ninguém ouvir: "Olha! Caguei-me! E não foi para o segredo de justiça!"
Em contrapartida,
estes rapazes já nos encontraram. É natural: são portugueses, e portanto estão mais próximos da fonte do cheiro...
RTP
De certeza que se algum dos dirigentes do PS for condenado por pedofilia com rapazes da Casa Pia, algum fã do
Pipi há-de mudar o nome do largo para
Largo do Roto...
MBB
Não é que os outros a tenham. Mas pelo menos tentam. Este ainda se pôs de cócoras e fez um bocadinho de esforço, mas rapidamente desistiu. Enfim, esteve-se cagando.
É que isto é só pra dizer que
estes gajos já nos descobriram. Mas
estes gajos ainda não, e
estes muito menos.
E pronto. Já disse.
RTP
"Estou-me cagando para o segredo de justiça", terá dito, ao telefone, Ferro Rodrigues.
O segredo de justiça protestou: "Outro?! Porra, parem de cagar em cima de mim, que eu já não ganho pró sabonete!" MBB
Manoel de Oliveira finalmente fez um filme falado
Depois de várias décadas em que de todas as vezes que alguém lhe dizia "Ó Manoel, olha que já podes juntar som aos teus filmes!" ele respondia "Não! A sério?!", esquecendo-se da maravilha tecnológica logo depois, finalmente Manoel de Oliveira rendeu-se à evidência e produziu
um Filme Falado. Estreia hoje, ao que parece.
O laboratório que produz o valium já protestou com veemência, ameaçando com um processo por concorrência desleal e mesmo ilegal, visto Oliveira não estar credenciado junto da Ordem dos Farmacêuticos. O realizador desvaloriza: "Bah! Eles dizem o mesmo sempre que sai um filme meu. Mas nunca cumpriram a ameaça, portanto não há-de ser desta".
MBB
É o que dá a despenalização das drogas leves
Daniel Oliveira,
dixit, num comentário a
esta posta: "foi Deus que me disse". Ganda moca, meu! Eu só tive uma dessas um dia que fumei uma broca marada, que tinha sido benzida por um alto
mullah dos taliban. Falei com Deus, com os pastorinhos, com o Profeta Maomé e com o capitão Silva, da GNR de Moura...
RTP
O
Galgo é cultura. Explicamo-vos em seguida a origem da
mitra.
Era uma vez um país muito pequenininho, rodeado de casas por todos os lados. Nesse país não havia rios nem riachos, e os habitantes, que por qualquer motivo gostavam de usar longos vestidos, andavam sempre cheios de sede. Para combater a sede, um dos ditadores do país decidiu começar a importar vinho e deu-lhe o nome de "sangue". A ideia realmente resultou, mas teve uns efeitos secundários aborrecidos, quando alguns dos habitantes começaram a ter visões, a falar com espíritos, enfim, a portar-se de um modo pouco digno. Por isso, o ditador seguinte inventou a mitra. A partir dessa altura, todos os habitantes passaram a ser obrigados a transportar na cabeça aquelas cisternas portáteis, para recolher a água da chuva, e o país começou finalmente a desenvolver-se.
Com o tempo foram-se criando castas e hierarquias nas mitras. Hoje, como é natural, o ditador transporta a cisterna maior, e a maioria dos habitantes não tem direito a mitra, sendo em vez disso obrigado a comprar água aos mais ricos.
Tudo conforme aos mandamentos de Deus, naturalmente.
MBB
Soam trombetas? Parece que não. Este povo não sabe o que aí vem...
Na verdade, nós já cá estávamos antes. Os galgos fedoralgos são uma espécie de galgos que correm mais depressa que todos os outros, deixando para trás um rasto de inconfundível odor a galgo. Qualquer coisa serve para desencadear o nosso galope, mas gostamos especialmente de lebres, gatos, e mulheres bonitas. E corremos tão depressa que ninguém nos conseguiu ver até hoje, razão pela qual apareceram por aí uns
gatos envoltos numa névoa de miasmas odoríferos que ocuparam o lugar que por direito nos pertence. Então resolvemos desacelerar. E se de repente um desconhecido rosnar para si, isso é porque o desconhecido é um de nós.
MBB